BIBLIOTECAS ESCOLARES



valarpas

V.A.L.A.R.P.A.S.

 

Puxem-nas dos cadernos

Alarguem-nas com tinta

Larguem o cabelo

Armem os óculos

Varram-lhes o pó

Rasguem-nas em mil

Abram-lhes a cerca

Se não as apanharem... leva-as, o vento!

 

António Xavier Ferreira, professor bibliotecário


sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Se eu tivesse uma varinha II




Se eu tivesse uma varinha
fazia parar o tempo
para não ir estudar

Fazia do meu quintal
um estádio de futebol
para o meu vizinho não ralhar

Quando a bola
fosse para o outro quintal
punha uma rede
para a bola não passar

O Cristiano Ronaldo
fazia aparecer
Para remates defender
E o melhor
de todos os guarda-redes, ser

As coisas más
fazia desaparecer
e coisas Boas
aparecer

Fazia
as más pessoas, boas ficar
As pessoas que roubam
parar de roubar

As contas de dividir
iria fazer
e o mais inteligente da sala
iria ser

Fazia-me crescer
e mais rápido ficar

No ténis,
bolas malucas
iria mandar
e com a raquete
iria acertar.

Aos cabeludos
os cabelos ia cortar
e carecas iam ficar

A minha casa
iria aumentar
e uma piscina
lá colocar

Também um escorrega
e um campo de ténis.

Um Ferrari iria ter
para quando crescer
e puder conduzir
o meu pai pôr a sorrir

Eu ia pregar
partidas de morrer a rir
Iam ficar
todos a sorrir

Eu ia pôr todos a sorrir

EB1 de Montemor-o-Novo n.º 1, 4.º ano I, Ellyan Vieira Alves

Se eu tivesse uma varinha I

Se eu tivesse uma varinha
fazia tudo o que quisesse.
Parava o tempo
para muitos doces comer
e só depois
o sono acontecer.

Chegava à escola
estava a chover…
tirava a varinha
para o sol me aquecer.

Estava no intervalo
não havia o que fazer…
tirava a varinha
para na bola bater.

Chegava a casa cansado
sem nada a tratar…
tirava a varinha
para um banho de espuma
tomar!

Era de noite
não conseguia dormitar…
tirava a varinha
para o meu sono chegar.

Era de manhã
não me apetecia caminhar…
tirava a varinha,
chegava à escola
antes de uma cola secar.

Era o almoço
não me apetecia ir almoçar…
tirava a varinha
para o prato já ali estar.

Fui de helicóptero
para casa
cheguei lá
que nem uma brasa!...

Dormi
com a minha varinha
uma noite descansada.

Acordei
de manhã
vou vestir-me
com um fato de lã.

Feitiço de varinha…
E vou para a escola
a tocar viola.

Varinha
lança-me um feitiço
para que não me porte mal.

Enfeitiça…
a professora
para não marcar trabalhos de casa;
a minha mãe
para não ralhar comigo;
o meu pai
para me comprar muitas bolas!

EB1 de Montemor-o-Novo n.º 1, Isabel Nunes, 4.º ano I

Lenda do Galo de Barcelos (redação em curso)




A Cremilde contou a lenda.


LENDA DO GALO DE BARCELOS


ATO I


A lenda do galo
Já é muito antiga
E dela vou tentar fazer
Uma bela cantiga

Mas antes de lá chegarmos
Vou pôr-vos a caminho
Da catedral de Santiago
Para onde vão os peregrinos

De tantos caminhantes, um
De mil peregrinos da altura
Quem vê sua história contada
Sofreu uma desventura

E a uma bonita cidade
Vale-lhe na dor a alegria
De um homem de muita fé
Que seu nome expandia

Reza a lenda que todos iam
Mesmo muito assustados
Havia um crime ocorrido
Que soava por aqueles lados

E essa ora cidade
Burgo de reais belezas
Barcelos de seu nome
Não convida a tristezas

Senão, vejamos como foi
Que um peregrino inocente
Caiu em desgraça
Na boca da gente

Certo dia apareceu
Depois de muito caminhar
Um peregrino cansado
Que quis descansar

E entrou no burgo
Curioso e encantado
Foi atrás do encanto
Parar no mercado

E tanto se admirou
Que até a fome esquecia
Olhava as riquezas
Que o mercador vendia

E à sua beira
Quase podia cheirar
O odor da asneira
A vontade de roubar

Tratava-se dum velho
Com ar maltrapilho
Parecia querer
Arranjar um sarilho

E olhava e notava
Nas jóias o brilho
Procurava no mercado
Um mercador distraído

O peregrino, bom homem,
Seguia-lhe o gesto
Se o visse roubar
Soltaria um protesto

E não é que o velho
Sabendo-se perseguido
Ameaçou-o em segredo
Baixinho, ao ouvido?

O destemido peregrino
A quem a vida era dura
Não temeu pela vida
Nem perdeu compostura

Não penses, carantonha
No que é tão feio fazer
Em tomares sem vergonha
O que outro tem para vender

[o ladrão atira-lhe as jóias para o acusar]

[Povo] - Foi ele!
- Ladrão!
- Ele roubou!
- Vilão!

[Nova] - Eu vi…
[Velha] - Senhores
[Nova] - Roubou…
[Velha] - Os valores

[Povo] - Apanhai-o!!


ATO II
[Casa do juiz]

[Juiz] – Pois mandai, mandai entrar
Quem ousa perturbar
A estas horas más
Os preparativos do jantar

Que seja, assim, importante
E de fácil reparo
Estou cansado e com fome
E este galo foi-me caro!

[Guarda] – Perdoai, Doutor Juiz
Sei que é atrevimento
Trazer-vos tamanha rudeza
Em tão privado momento

Mas este que vos trago
Não merece perdão
Quis tomar no mercado
Muita jóia e… sem tostão!

[Juiz] – Roubar, dizeis vós
Trata-se dum vilão
[Velha] – Tratante! [Nova] - Traidor!
[Nova] – Malvado! [Ambas] – Ladrão!

[Juiz] – Chega, senhores, não vedes
Que estou sentado à mesa?
Ouçamos o que o réu
Traz em sua defesa

[Peregrino] – Meritíssimo, não sou
O ladrão que procurais
Esse que me acusou
Levou jóias reais

E estava a engendrar
Ali ao meu lado
Um plano para tirar
As jóias do mercado

Ao ver no seu gesto
Disfarçada a intenção
Olhei-o de frente
E falei-lhe ao coração

Mas de nada valeu
Fez aquilo que quis
Não sem antes me mandar
À presença do juiz

E aqui ora estou
Apanhado no caminho
Com fé em Santiago
Sou um peregrino

[Juiz] – Trazei-me o galaró
Não me comovem tais dizeres
Destes, já ouvi muitos
E não me trocam os saberes

Enjaulai-o, bem merece
Quem toma o indevido
Trancai-o nas masmorras
Está o castigo lido!

Quem à bondade aspira
Mais incrédulo não pode estar
[Peregrino] – Valha-me Santiago!...
E desata a chorar

[Peregrino] – Permiti, meritíssimo
Uma palavra ditar
É que tenho na fé, a certeza
De que não ireis jantar

Não há quem se vos sente à mesa
Que não vá testemunhar
Estou tão inocente
Quanto esse galo assado cantar!

[Juiz] – Prendei-o!!
Que grande achado…
Além de ladrão
Parece tresloucado

Que disparate
Vem derramar
Um galo assado e…
A cantar!


ATO III

Eis um homem de fé
Que fora mal julgado
Hirto em seu pé
Esperava o resultado

Nunca olhava a agoiros
Nem de ameaça se tratava
O ter dito ao juiz
Que o galo morto cantava

Mas sabia-se confiante
No fim que encontrara
Porque foi a voz santa
Que o aconselhara

E o pasmo haveria
De nos rostos, nascer
Quando à mesa, a magia
Viesse a acontecer

Na praça, uns brindavam
À justeza do feito
Outros, contavam o incerto
Com a certeza do jeito

Assim dividido
Barcelos anoitecia
Em casa do juiz
Preparava-se a iguaria

E vinham chegando
Os convidados do juiz
(humm…) O cheiro a galo assado
Afundava-se no nariz

Já sentados, os convidados
Estando prontos para comer
Há uma luz que se acende
E não é uma luz qualquer

Ninguém sabe donde veio
Nem como apareceu
Mas trazia uma energia
Que até o chão estremeceu

Nisto, o galo assado
Que todos queriam provar
Levanta-se na travessa
E começa a cantar

O rubor instalou-se
No juiz comprometido
Lembrou-se das palavras
Do peregrino detido

E empurrado por penas
E arrependimento
Saiu, vales afora
Naquele momento

Quis, por sua conta
(e a ninguém ordenou)
Acudir ao peregrino
Mostrando-lhe que errou

[Juiz] – Do milagre que vi acontecer
E que te inocentou
Toda a gente vai saber
(assim, melhor homem me tornou)

[Peregrino] – Agradeçamos, Doutor Juiz
A Santiago, a razão
Deixai-me ora seguir
O caminho por sua mão

Mas um dia voltarei
Para um cruzeiro esculpir
E quem vier a Barcelos
Desta história, vai fruir.

EB1 de Montemor-o-Novo n.º 1. 4.ºs anos, coletivo.

O Outono

Com a chegada do outono
Outro verão se aproxima.
Com ele o seu patrono,
E o vinho que nos anima.

O verão vai-se embora,
Com ele a alegria.
Temos a modança da hora
A chegada da monotonia.

As arvores sem folhas vão ficar,
As andorinhas para longe vão.
Um alerta vão dar,
A saída do verão.

O azul perdeu o céu
De cinzento se vestiu
Envolve o luar num véu
De neblina, já se viu.


EB1 de Montemor-o-Novo n.º 1, 4.º ano I, Margarida Pedras Alvas